terça-feira, novembro 27, 2007

Jogo de Cena

(Brasil, 2007)



Direto para a câmera, num palco de costas para uma platéia vazia, depoimentos de mulheres "reais" são “interpretados” por outras mulheres. Algumas delas atrizes mais do que conhecidas, como Marília Pêra, Andréa Beltrão e Fernanda Torres. Outras, nem tanto. Outras, ainda, apenas mulheres comuns, pessoas nada conhecidas, como eu, como você, como todos nós. Mas eles se misturam, se repetem um a um, se sobrepõem, a ponto de nunca sabermos com certeza o que de fato é interpretação, o que de fato é emoção real, mesmo quando Marília Pêra revela para o diretor-entrevistador-“fingidor” Eduardo Coutinho (de Peões, Edifício Master, Santo Forte, Cabra Marcado Para Morrer, O Fim e o Princípio) um dos truques para simular choro em cena. E os depoimentos alternam momentos divertidos com outros mais tristes e muito verossímeis, mesmo entre as atrizes mais célebres. Assim, pouco a pouco, a linha que separa o real da representação, e até o documentário da ficção, vai se tornando inexistente, com resultados no mínimo inusitados e sempre fascinantes, pois, afinal, nós, os desconhecidos, estamos de um jeito ou de outro também representando, seja no trabalho, seja no depoimento à Polícia ou ao Juiz, seja para o médico, seja para a pretendente à namorada no primeiro encontro, fingindo ser o que não é, etc.

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