sexta-feira, novembro 09, 2007

O Petróleo é nosso! O Cinema também!



Se for confirmada, com a descoberta da sua maior bacia petrolífera no litoral paulista, o Brasil vai se tornar enfim não só um dos maiores produtores de petróleo do mundo (Chupa, Chavez!), mas também de filmes. Todos, claro, pagos pela Petrobrás no Baixio das Bestas de Brasília 18% (da propina). Bollywood já era. Hollywood e o imperialismo yankee, coitados... É hora de inchar mais ainda de funcionários e burocratas aquela já bem balofa Secretaria do Audiovisual ou construir uma nova e faustosa sede superacessível a todos em Bruxelas ou Londres ou Nova Iorque. Quanto aos filmes, já imaginaram que show formidável: finalmente Cinderela Baiana vai ter aval do Ministério da Cultura para uma continuação e/ou preqüela, assim como Ó Paí Ó. Guilherme Fontes vai enfim concluir o seu polêmico Chatô. Vai ter dinheiro de sobra para mais um sensacional Acredite! Um Espírito Baixou em Mim. Acreditem! Ou para a volta/regresso/transtorno da Irma Vap. Todos os filhos do Francisco terão também a sua cinebiografia. Daniel Filho fará o seu épico sobre as patricinhas tesudas da Barra da Tijuca e de Miami regadas a caipiroska, estrelado pelo Fábio Assunção. E a Xuxa não vai mais sair das telonas, assim como o Renato Aragão, a Sandy e o Júnior (ou só a Sandy ou só o Júnior), o Padre Marcelo e a Eliana com os botos e o botox emprestados da Angélica. Ou a família Barreto. E Chorão terá o seu O Magnata transformado em cinessérie. Chorei! Podecrer! 1, 2, 3, 4... Cacá, Jabor, Odiquê! Eu não conhecia Tururu. Mais do mesmo: ditadura, ditadura, ditadura. E o Araguaya sem conspiração do silêncio. A tchurma mucho lôca da Concepção de volta para aprontar novos agitos e confusões. Plim-Plim. É a chance também de Norma Bengell lançar em DVD o seu tão injustiçado O Guarani remasterizado, widescreen, edição quíntupla Deluxe, com milhares de extras, comentários em áudio do Rubinho analisando a pele e o penteado dos índios, tudo embalado num luxuoso estojo em forma de cocar. Com tanta bufunfa, até Sganzerla ressuscitaria para rodar mais uma ficção documental sobre a visita de Orson Welles ao Brasil. É tudo verdade! Sem contar os inúmeros curtas de idéias curtas ou documentários que ninguém vai ver, mas que já estarão devidamente pagos pelos cofres do Bananão, versando sobre tocadores do boi-bumbá, farofeiros de Santos, mestres capoeiristas do ABC, surfistas desnudos da Paraíba, playbas e tesudas do Cambuí campineiro e dos Jardins, os anões da periferia de Nova Iguaçu, os sacoleiros de Foz do Iguaçu, as tribos paulistanas descoladérrimas, como os japas do rap do metrô Conceição, os maconheiros de Itapuã, os cervejeiros do Amapá, os artesãos de panelas e estatuazinhas rústicas de argila do Vale do Jequitinhonha, as bruacas e barangas de Barueri, os puxadores de escolas de samba da Vila Isabel, os garis e guris de Belford Roxo, os fogueteiros do morro do Pau da Bandeira e do Jacarezinho, os cariocas descamisados, os paulistanos acelerados, os baianos suados e sarados correndo nus pelo Pelourinho ao som do Olodum e da Ivete. A nudez dionisíaca-exu do Zé Celso, os trombadinhas da Cinelândia e da Cracolândia, as putas grávidas da Augusta e do Itatinga, os jangadeiros e boleiros e o Zeca Baleiro. As cerzideiras hermafroditas de Joaquim Egídio, os roceiros albinos do Oiapoque, os travecos telúricos dos bosques das Campinas das andorinhas e dos Jequitibás, além de mais uma leva daqueles docs urgentes sobre músicos e compositores da MPB, mostrando o vigoroso comuna Jorge Mautner de sungão vermelho praticando escalas dissonantes arrebatadoras com o seu violino (e outros instrumentos...), ou o making of do pornô da Rita Cadillac com o Alexandre Frota e a Gretchen ou ainda a Pedrinha de Aruanda num brunch bem baiano na casa de Dona Canô com seu irmão Caê, etc. Tudo isso filmado através do olhar de publicitário sensível de cineastas ricos, riquíssimos, mas com consciência social, está claro. Mas é bom que sobre algo desse arrego todo para mais um Tropa de Elite, porra! Depois ficam aí reclamando na caixa de comentários que este blogue não fala de cinema, muito menos do brasileiro, tsc, tsc...

10 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmente do caralho esse seu texto Davisão do Babalaô, assim como os outros tb. Parabéns!

Unknown disse...

Chega escreveu com gosto!

Lorde David disse...

Sorry, mas não entendi, Osvaldo.

Anónimo disse...

Esse post é genial!

Ailton Monteiro disse...

David, vc é um poeta, meu chapa.

Lorde David disse...

Não, eu sou um fanfarrão mesmo, hahaha. Abraços a todos.

Osvaldo Neto disse...

Quis dizer que vc escreveu com tanta vontade que o teclado deve ter sofrido. ;)

Lorde David disse...

Ah, entendi, Osvaldo. Isso que dá ficar até de madrugada no trabalho. A minha mente ociosa rende. Pobre do teclado, hehehe. Um abraço.

Michel Simões disse...

Sr. 06, o ser é um fanfarrão! Haja inspiração!!!

Lorde David disse...

Pior é que essas coisas às vezes se materializam, Michel, como dar de cara com o Chorão e alguns japas do rap e skatistas de butique com o shape zero bala no Eldorado ontem. Hehehe.