(Prete-Moi Ta Main, França, 2007)
Um solteirão convicto, ruim de tato e ótimo de faro (o sempre divertido Alain Chabat, também produtor e co-roteirista). Para os perfumes, está claro. E as suas mulheres. Suas várias mulheres. Na verdade, sua mãe e suas cinco irmãs que, com ele, formam o “G7”, grupo de reunião familiar, herança paterna do muito querido pai ultrademocrático, agora presidido indefinidamente pela matriarca e que decide todo tipo de assunto na mesa da sala de jantar e onde ele é obviamente voto vencido em qualquer discussão, das nas mais triviais às mais sérias, tanto que vive sendo pressionado por todas a se casar logo, já que passou dos quarenta anos e se encontra ainda na barra delas, que querem se livrar dele de uma vez por todas. Primogênito sofre mesmo. Então, de saco cheio, decide bolar uma farsa. “Aluga” a irmã (Charlotte Gainsbourg) de seu colega de trabalho para que ela vire a sua noiva de mentirinha até o dia do casamento, para então ser dramaticamente abandonado por ela no altar, acreditando assim que, por causa do trauma encenado, a mulherada nunca mais tocará no assunto. Mas as coisas, claro, serão mais complicadas. Não por culpa dele, já que as irmãs e a mãe passam a gostar muito, mas muito mesmo da cunhada "avulsa", perdoando-a por qualquer deslize e deixando-o cada vez mais num beco sem saída. Ela também quer adotar uma criança (e brasileira!!) e, sendo noiva ou casada, o processo seria bem menos complicado. Nada de mais, certamente previsível, mas um filme agradável de Eric Lartigan, sobretudo por causa do charme da dupla principal e das situações divertidas que cria desde o início à anos 70. Mais, por mais despretensioso que seja este filme, refletindo seriamente, parece haver uma onda no recente cinema francês, sempre em sintonia com a realidade atual, de amizades compradas ou de noivas alugadas, tal como visto em Meu Melhor Amigo (2006), do veterano Patrice Leconte, e em Por Amor ou Por Dinheiro (2005), do também veterano Bertrand Blier. Parece mesmo que o amor e a amizade descompromissada são itens mais raros hoje em dia na sociedade francesa ou em qualquer outra sociedade, e isso não deixa de ser de fato um tantinho inquietante.
P.S.: Apesar do momento um tanto difícil e de incertezas e frustrações que se somam a cada dia, só para lembrar a todos que o tem acompanhado que este esnobe blogue completa hoje o seu primeiro aniversário. Espero continuar com ele por algum tempo, embora, depois de tudo o que tem me acontecido de junho para cá, no fundo, no fundo, eu preferiria mesmo é ter permanecido para sempre na Toscana, tomando vino rosso, comendo salame de funghi porcini, disputando campeonato de lançamento de queijo ou procurando trufas brancas nas florestas escuras e nas montanhas escarpadas da Garfagnana. Mas vamos em frente. Com ou sem trufas.
11 comentários:
Parabéns, Blog of Snobs! Muitos anos de vida! :)
Obrigado, Alê. Bom vê-la por aqui novamente. Beijo.
Puxa! Já um ano de blog, David?? Caramba! Como o tempo passa rápido, hein! Parabéns! E que dure muito mais! :)
E quanto ao filme, adorei o comentário que vc fez sobre a dificuldade às vezes que se tem de se encontrar alguém com naturalidade.
É mesmo, Ailton. E quando vi esse filme tinha lido algum tempo atrás no jornal sobre uma nova profissão, o "personal friend", "amigos de aluguel", já surgindo em SP e no Rio. Pensei imediatamente nisso quando vi A Noiva e que coisas assim às vezes não são muito diferentes em São Paulo ou em Paris, assim ri bem menos do que esperava. Só de pensar em temas desse tipo, me angustio. Anyway.
E obrigado por tudo. Um abração.
E essa coisa toda de orkut de querer ter um milhão de amigos, mas sendo que a maioria não é amigo é apenas conhecido, é bem coisa desses novos tempos, da Era de Aquário, eu diria. A era das aparências.
Parece até que foi ontem, né? Senti exatamente a mesma coisa quando o meu completou aniversário.
Parabéns pelo blog e a boa vontade e paciência com leitores chatinhos como eu. :)
Por isso, Ailton, demorei para abrir uma conta no Orkut. Mas acho isso uma grande besteira e concordo contigo, pois, de fato, amigo virtual nem sempre é um amigo real. Fora os spams e comentários maldosos que recebo freqüentemente por email.
E, Osvaldo, é sempre bom tê-lo por aqui e agradeço-o novamente por divulgar sempre que pode pela net algum texto meu. E o seu blogue também é muito bom. Um abração.
Meu filho, mas se eu pudesse eu encarava todas aquelas singelas atividades relacionadas a queijos e vinhos e etc... parabéns!
Valeu, Michel. Ano que vem almejo repetir algo assim, mesmo que o lugar, a Irlanda, não seja uma terra tão boa em queijos e vinhos, mas onde sempre há uma lady ruiva e sardenta em cada pub à espera de ouvir um agradável limerick recém-composto, hehehe. Um abraço.
Novo destino, novas aventuras, que venha a Irlanda!!! Abraço!
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