(EUA, 2007)
Vultos, poltergeists e assombrações não passam de mitos e invencionices para o escritor Mike Enslin (John Cusack interpretando John Cusack pós-Identidade), que, separado da mulher e em crise, já convive um tempo considerável com o fantasma bem concreto da perda da sua filha. Desde então, sem inspiração para novas estórias, dedica-se a desmascarar supostos fenômenos paranormais em quartos de hotéis e pensões com fama de serem altamente amaldiçoados. Até que um dia, a fim de completar mais um capítulo para o seu livro "Dez Noites em Quartos de Hotel Mal-Assombrados", interessa-se em hospedar-se no quarto do título, no tradicional hotel nova-iorquino Dolphin e onde ninguém teria sobrevivido mais de uma hora, de acordo com o gerente do lugar (Samuel L. Jackson), que tenta, sem sucesso, dissuadi-lo da idéia. Devidamente instalado, as assombrações, claro, começam a aparecer. Ou não seriam delírios, frutos de seu enlouquecimento progressivo e paranóia? Apesar de alguns sustos esperados, mas não descarados, e da reviravolta final um tanto frustrante, um filme que tem seu charme no visual elegante e na maneira como o diretor sueco Mikael Håfström (Evil – Raízes do Mal, A Maldição do Lago, Fora de Rumo), construindo aos poucos o suspense, se esforça para desdobrar o exíguo espaço do local em mundos surrealistas que remetem diretamente ao universo da série Além da Imaginação, evitando toda aquela sangria desatada. Assim, uma adaptação mais do que razoável de um conto de Stephen King que, se não entra para a história como o clássico O Iluminado (1980), com quem compartilha alguns elementos em comum, ao menos, deixa-se ver e ainda provoca algumas inquietações bem concretas sobre a natureza sinistra dos quartos de hotéis, onde tantos se hospedam e inevitavelmente deixam lá suas marcas, como fluidos ou sangue ou mesmo a sua solidão e abandono. Ainda que não mais corpóreas, depois de lavadas, limpas, aspiradas, higienizadas, sempre estarão lá, na banheira, nos lençóis, no carpete e, sobretudo, na cabeça do próximo hóspede...
6 comentários:
Vc é uma pessoa muito generosa, David.
também achei 1408 um bom filme. Antes só do que mal casado é bem legal, mas a comédia do ano pra mim é Ligeiramente Grávidos.
Nem sempre, Ailton, hehehe.
André, Ligeiramente Grávidos é ótima, mas gostei mais ainda de Superbad, do mesmo produtor. E, ainda nas comédias, gostei muito também de Morte no Funeral.
Os delírios foram obviamente provocados pela bebida oferecida pelo gerente do Dolphin (Samuel L. Jackson), ou não?
BTW, o nome do tal conhaque é "Les cinquante sept décès" que em português significa "As cinqüenta e sete mortes". Uma a mais do que as 56 então relatadas pelo gerente Gerald Olin (Jackson). Premonição?
Pode ser, Josué. King gosta destes jogos, embora quanto a tudo ser alucinação, tenho as minhas dúvidas, sobretudo por causa da gravação da filha no final, que me pareceu bem real. By the way, aderiu à blogolândia, hein! Precisamos nos encontrar e, claro, apareça sempre por aqui. Este lorde esnobe agradece. :) Um abraço.
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