terça-feira, novembro 28, 2006

O Cisne (The Swan, EUA, 1956)

Charles Vidor foi um diretor de Hollywood conhecido acima de tudo por Gilda, lendário filme noir de erotismo invulgar com Rita Hayworth e Glenn Ford. Mas este húngaro prolífico, atento às elegâncias e esnobismos da corte de sua outrora aristocrática terra natal e baseando-se em peça do compatriota Ferénc Molnar, autor de Os Meninos da Rua Paulo, realizou para a MGM, com muita classe e nenhuma pompa vazia, este hoje menos conhecido drama palaciano com temperos cômicos, e que já havia sido adaptado para o cinema em duas ocasiões, em 1925 e 1930.

Logo na primeira cena, o humor se impõe com o padeiro que entrega os pães na cozinha do castelo onde se desenrolará toda a narrativa. Alguns caem da cesta. O chef então os recolhe do chão e, por troça, nem hesita em colocá-los na bandeja do café da manhã que será servido à princesa Beatrix, insolente matriarca do local. O cisne do título é a sua filha mais velha, a tímida princesa Alexandra, vivida pela belíssima Grace Kelly em seu último papel antes de se tornar princesa de fato. Decidida a recuperar a coroa do reino, perdida em tempos napoleônicos para a sua tia, a rainha Maria Dominika (Agnes Moorehead), a mãe aproveita a visita de seu primo, o príncipe herdeiro Albert, para aproximá-lo de Alexandra, que, no entanto, tem olhos para seu tutor, o plebeu Nicholas Agi (Louis Jourdan). O príncipe é vivido pelo formidável Alec Guinness, ser de muitas faces no cinema, que aqui empresta seu charme britânico para compor um personagem que prefere dormir o dia inteiro, visitar as vacas sendo ordenhadas nos estábulos ou jogar bola com os irmãos mais novos de Alexandra a cortejar a loira princesa, apesar das insistências e armações da mãe. Ainda assim, age como um cavalheiro no final atípico e melancólico, quando diz à relutante Grace Kelly um memorável discurso que a faz aceitar sua condição de nobreza e resignar-se, tal como um cisne que só é belo quando está nadando no lago e todo desajeitado fora dele.

É bela ainda a cena do baile em que Alexandra e Nicholas dançam silenciosamente, com a tristeza impressa no rosto de ambos e o desejo latente de ficarem juntos, mas que é dificultado pelas conhecidas convenções sociais e pelo próprio orgulho esnobe do professor. Em suma, a delightful little film visto no TCM, para aqueles que sabem apreciar uma boa velharia em Technicolor, cujo final é também um verdadeiro canto de cisne de Grace Kelly no cinema.

6 comentários:

Alê Marucci disse...

Algo me diz que eu odiaria o final desse filme...
Beijo.

Lorde David disse...

Eu gostei. Foi bem nobre a fala de Alec Guinness. Eu até queria reproduzi-la aqui.

Alê Marucci disse...

Mas tudo indica que ela não fica com o homem por quem era apaixonada, apesar de ser correspondida em sua paixão. Estou certa?
E reproduza a fala, por favor!
Beijo.

Ailton Monteiro disse...

Só em ter a Grace Kelly o filme já tá valendo. Ela é a minha estrela favorita da década de 50.

Lorde David disse...

Ela está maravilhosa neste filme, com pose de princesa.

Ailton Monteiro disse...

Ela já nasceu princesa. Mas uma princesa com um sex appeal fenomenal.