Oh, What a Beautiful Morning!
Nada mais frívolo que musicais, ainda mais os hollywoodianos dos anos 40 ou 50, coloridíssimos e alegres demais para muitas das mentes engajadas deste país subdesenvolvido. Ou seja, um gênero démodé esnobado por muitos, admirado por poucos, como sábios e saudosistas. Assim, para mim, com as idéias fora do lugar, nada mais contagiante que tais extravagâncias que mesclam música, canto e dança, especialmente para esquecer os sentimentos lúgubres que nos assaltam de vez em quando.
Nesses casos catastróficos, revejo Oklahoma! (1955). Um fiapo de estória, em que uma lady (a novata Shirley Jones, então com 19 anos) tem que se decidir entre o bronco Jud (Rod Steiger) e o galante Curly (Gordon MacRae, o ídolo de Jones na infância) para acompanhá-la ao baile local, onde se celebrará também a inclusão de Oklahoma (OK) como o mais novo estado da União (“Brand new state”). Adivinhem a escolha da moça ao final?
Foi o primeiro musical de Fred Zinnemann, austríaco da mesma geração de Billy Wilder, Edgar G. Ulmer e Robert Siodmak e conhecido por filmes classudos e sombrios como A Um Passo da Eternidade e Matar ou Morrer. Mesmo com protagonistas tão caipirões, Oklahoma! tem também sua classe, especialmente nas coreografias e na direção mais do que segura de Zinnemman. No palco, onde estreou em 1943, a peça se destacava pelo pioneirismo das canções diretamente ligadas à narrativa e pela austeridade da produção (tanto que até hoje é muito montada nas high-schools americanas). No cinema, ao contrário, a Fox não poupou dinheiro, com a fotografia em Technicolor e rodado em Todd-AO, ou seja, em 70 mm, destacando as amplas planícies rurais, e uma movimentação toda especial das pesadas câmeras. Como a maioria dos cinemas americanos da época não dispunha do tal equipamento, mais tarde o filme precisou ser refeito tomada por tomada em CinemaScope, a fim de ser exibido no restante do país. Em ambos os lançamentos, foi um arrasa-quarteirão.
No DVD duplo da Fox, as duas versões foram incluídas, o que permite comparar as diferenças de ângulos e posicionamento das câmeras, além de material extra como comentários e “Siga a Canção”, onde você pode destroçar ouvidos alheios cantarolando as belas canções compostas pela dupla Rodgers e Hammerstein, como “Many a New Day”, “Oh, What a Beautiful Morning” e, claro, “Oklahoma”. Ou seja, “Oklahoma!” ainda é mais do que “OK”.
4 comentários:
Quem a lady escolhe pra acompanhá-la ao baile? Quem? :)
Beijo.
Entre o bronco e o galante, quem você acha? Ainda mais no cinemão americano dos anos 50, hehehe.
Eu ainda tenho um pouco de resistência com os musicais. Mas um dia eu chego lá...
Fiz este post pensando em você, Ailton. Hehehe.
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