
Em plena Guerra Fria, do alto de sua conhecida prepotência , o governo americano anuncia o lançamento de um supercomputador apelidado de Colossus e responsável por gerenciar todo o arsenal de mísseis nucleares do país, eliminando de setor tão estratégico as imprecisões do fator humano. Mas a Rússia também construiu o seu, The Guardian e, pior, as duas máquinas se comunicam numa linguagem própria, possuem uma acelerada capacidade de aprendizagem, adquirem autonomia, são impenetráveis e têm planos de dominação mundial. Em suma, um pesadelo que põe soviéticos e americanos lado a lado na luta para se evitar uma catástrofe global, assistidos pelo professor Forbin (Eric Braeden), cientista idealizador de Colossus e que passa a ser vigiado 24 horas (ou quase) pela sua ciumenta cria cibernética.
Uma peróla da ficção científica dos anos 70, produto típico de uma era repleta de filmes em que supersistemas autônomos concebido por seres humanos positivistas fugiam do controle, como O Enigma de Andrômeda, Síndrome da China e Westworld: Onde Ninguém Tem Alma, e cuja temática pré-cyberpunk decontrole do mundo pelas máquinas já antecipava Jogos de Guerra, a SkyNet da esplêndida cinessérie O Exterminador do Futuro e até Matrix. Apesar de envelhecido no hardware mostrado, a boa direção de Joseph Sargent ainda hoje garante firme a tensão em momentos como o do primeiro ataque nuclear ordenado por Colossus, visto dos telões da sala de controle, e o humor das cenas à Big Brother, quando o cientista Forbin se vê cercado por câmeras controladas por Colossus, que o observa constantemente até nos momentos mais íntimos. Também ainda impressionam os primeiros minutos em que o supercomputador é posto em funcionamento, com ótimo uso do CinemaScope. Aos poucos, suas enormes plataformas e torres encravadas no alto de uma montanha vão sendo visualizadas, com grande destaque para a materialidade das estruturas do sistema, concebido a princípio para acabar com todas as guerras, o que só se torna possível desumando-se toda a humanidade. Ou seja, só corroborava na época a opinião corrente até hoje de que o computador surgiu mesmo para resolver problemas que você nunca teve antes, além de criar outros mais complicados ainda.