
Batman (re)começa. Desta vez, sem traumas de infância, manjadas filosofias de superação do tipo "cair, para depois se levantar" ou qualquer princípio excessivamente explicativo presente do início ao fim no primeiro (e superestimado) filme da retomada do noturno justiceiro mascarado. Tudo cedendo lugar à ação e às intrigas políticas num contexto mais realista, muitas vezes em plena luz do dia, neste eletrizante embate com ares de tragédia grega (daí a onipresença das máscaras e de mascarados) entre o Cavaleiro das Trevas (Christian Bale) e seu arqui-sorridente inimigo Coringa (uma das derradeiras performances do excepcional Heath Ledger) – que literalmente mergulha Gotham City no caos –, sustentado por um elenco de peso (com destaque para Aaron Eckhart como Harvey Dent/Duas Caras e Gary Oldman retornando como o inspetor tornado comissário Gordon), aqui bem mais aproveitado em ótimas subtramas que conferem a necessária dramaticidade ao conjunto da narrativa, mesmo que o diretor e co-roteirista Christopher Nolan atropele um tantinho as coisas com a sua costumeira e atabalhoada edição em algumas cenas e a mania de querer impor um ar sério e exageradamente grave a tudo – a começar pelo risível tom de voz do Batman. Mesmo assim, simplesmente o blockbuster do ano!