
No lugar de um terremoto, um monstro, alienígenas exterminadores ou de uma onda gigante produzida por computador, devastando e arrasando grandes metrópoles americanas, uma brisa que balança as árvores de um parque. Suave vento, o “nada”, que, no entanto, carrega estranha toxina que provoca uma súbita e inexplicável onda de suicídios em massa, da qual fogem um professor de ciências (Mark Wahlberg) e sua mulher (Zooey Deschanel), ambos perplexos com “o acontecimento” do título original e, sobretudo, em crise no casamento. Assim é o Apocalipse de M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido, Corpo Fechado, Sinais, A Vila): antediluviano e, principalmente, anti-hollywoodiano em sua simplicidade. Ainda assim bastante atmosférico e sugestivo, na discreta elegância com que constrói climas melancólicos e ameaçadores, fazendo uso de pouquíssimos elementos (arbustos balançando, capim ao vento, etc.), apesar do tolo subtexto ecológico e explicativo ao final, mas que se mostra, felizmente, insuficiente para dar conta da dimensão da catástrofe, que, mais do que ecológica, é inerente à outra natureza, a humana, no tocante à falência dos afetos, das relações entre os indivíduos, da desagregação familiar, etc. Algo tão devastador e bem mais palpável que uma catástrofe tipicamente hollywoodiana.