A ambiciosa estreia do brasileiro
José Padilha em Hollywood pode ter decepcionado muita gente (e como chiam os críticos
daqui!). Até na inevitável comparação com o original, uma coisa meio estúpida de se fazer, enfim... Mas, no fundo, nesta refilmagem da clássica ficção científica de 1987,
de Paul Verhoeven, do policial transformado em máquina, se encontram presentes
os mesmos temas vistos nos filmes anteriores de Padilha, como os dois Tropa de Elite, incorporados a roupagem
tecnológica de vigoroso blockbuster
hollywoodiano de 100 milhões de dólares. Goste-se ou não, de Padilha ou do
filme, estão lá a corrupção policial, o apresentador de TV sensacionalista, os políticos
oportunistas e a ganância das grandes corporações, principal tema do primeiro Robocop, que se passava na era de yuppies caricatos e ambiciosos. O “homem
de preto” de Padilha aqui é o honesto policial Alex Murphy, cujo corpo
destroçado após um atentado promovido por traficantes é reconstruído como uma máquina
de guerra pelo cientista vivido por Gary Oldman, a serviço da mesma OmniCorp de
Michael Keaton, na mesma futurista Detroit do filme anterior. Mais ensolarada e
menos desolada nesta atualização, a metrópole do novo Robocop é, ainda assim, igualmente perigosa e dominada por gangues
auxiliadas por tiras corruptos. E como o Capitão Nascimento, o Murphy robô é útil
para os políticos e empresários no combate à criminalidade até ser descartado pelo
sistema que o criou quando passa a agir e pensar por conta própria. Se faltam o
humor sarcástico e a violência gráfica da obra de Verhoeven, a desumanização do
indivíduo aqui se faz mais presente, representada sobretudo na sequência em que
Murphy vê seu corpo metálico “desmontado” e o que sobrou de sua parte orgânica.
Há também boas cenas de ação, ótimas atuações e uma duração mais enxuta, coisa
que tem faltado aos longuíssimos blackbusters
atuais, vide Transformers: A Era da
Extinção (2014) e o Cavaleiro Solitário
(2013), ambos com quase três exaustivas horas de duração.
Wer sich der Einsamkeit ergibt ("Aquele que se entregou à solidão") - Goethe
terça-feira, agosto 12, 2014
sexta-feira, abril 04, 2014
Promenade
E, assim a cada dia que passa, seguimos em frente com a incrível capacidade de conceber mundos inacabados.
quarta-feira, março 12, 2014
Liquidez
O problema das pessoas hoje em dia é que elas entram e saem muito rápido das nossas vidas. Se dispersam, não se atrelam, vão logo embora da festa para que foram convidadas para irem para outra. E criam desculpas para tudo.
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